Há alturas na vida em que parece que tudo anda para trás, que regredimos, que voltamos à estaca zero, ao ponto de partida. Feitas as contas, já tive esta sensação em 3 fases da minha vida, todas elas relacionadas, inevitavelmente, com o fim de uma relação. Mas são é só isso. Duas destas fases, coincidiram também com uma ruptura profissional. O facto destas coisas acontecerem quase em simultâneo (uma já é mau o suficiente) é sentir que nos puxam o tapete debaixo dos pés e que, de um segundo para o outro, perdemos o chão.
Parece que todo o caminho percorrido antes foi dar a lado nenhum ou, pura e simplesmente, foi o mesmo que andar às voltas até chegar ao mesmo sítio de onde partimos, quando já queriamos estar bem longe.
Depois percebi que não é bem assim. Se por alguma razão voltámos à casa da partida é porque não estávamos no caminho certo. Acredito que às vezes somos nós que, tendo essa consciência, decidimos seguir noutra direção por mais difícil e nublado que seja o novo caminho. Outras vezes, quando não temos (ou não queremos ter) essa consciência e vivemos numa espécie de sonambolismo permanente, a vida encarrega-se de nos dar um valente pontapé para nos obrigar a mudar direção. É claro que, como qualquer outro pontapé, este dói...
Por tudo isto, gosto de pensar que nestas fases não regredimos nem andamos para trás. Estamos sim a ganhar balanço para saltar mais para a frente, para mais longe, para mais e melhor do que alguma vez tivemos.