sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O que muda somos nós

Ao espreitar o facebook deparei-me com uma foto de um casamento que ocorreu há 4 anos atrás de um casal amigo na altura. Digo na altura porque, por circunstâncias da vida, actualmente não convivemos, embora eu os tenha em muito boa conta e acompanhe à distância as suas vidas. 
Eu estive nesse casamento com o meu namorado de há 4 anos atrás e ex-namorado hoje. 

Então, há precisamente 4 anos atrás, estava eu no casamento destes amigos da altura, com uma pessoa de quem me iria separar cerca de 2 anos mais tarde. Ora, isto põe uma pessoa a pensar. A pensar no then and now e no que mudou entretanto. 

Há 4 anos atrás eu estava feliz? Nem por isso. Não. 

Do casamento lembro-me que foi um casamento muito bonito e muito alegre. Eu sentia-me bonita mas nem por isso andava aos saltinhos de alegre. Lembro-me que me senti particularmente sózinha no meio de umas 100 pessoas. Lembro-me de ter ido dançar sózinha para o meio dos convidados, coisas como o "Time of my life" e afins, porque a pessoa que me acompanhava, não acompanhou tanto assim. Lembro-me da noiva, irmã da noiva e da mãe da noiva irem a caminho da quinta onde decorreu o casamento, a acelerar como se não houve amanhã (estavamos atrasados), num Fiat 500 branco com a noiva no lugar do pendura. Lembro-me dos Carapaus, Azeite e Alho a animar a boda e pensar "um dia, se me casar, também quero estes gajos, pá!". E são as memórias que tenho deste dia.

O que mudou? Do grupo de amigos com quem fomos ao casamento, havia mais um casal que se separou pouco tempo depois. Lembro-me da mãe da noiva passar por mim a dizer para uma familiar "finalmente tenho uma noiva! e eu pensar "que feliz que está". A sra. faleceu há cerca de um ano de ataque cardíaco. 

Eu? Eu separei-me dois anos depois, perdi o emprego, tirei uma pós-graduação, voltei a trabalhar, perdi a minha avó, apaixonei-me (não correu bem), comecei a sofrer de episódios pontuais de ansiedade/pânico, perdi 10kg, fiz novos amigos, retomei amizades antigas, tirei um curso de espanhol, voltei a integrar o ginásio na rotina, fiz programas bons com os amigos, voltei a apaixonar-me... 

Parece tão pouco em 2 anos. E menos ainda em 4 anos. Parece que fiz tão pouco. Que podia ter feito mais coisas, viajado mais, ido a mais sítios, ter construído mais. Mas, a verdade é que me sinto bem e sinto que fiz mais nestes últimos 2 anos sózinha do que nos 2 anteriores acompanhada. E tenho vontade de fazer mais e tenho mais vontade agora do que antes. E sinto-me melhor agora do que antes, sem dúvida. 

Gostaria de ter feito mais? Podia ter feito mais? Sim, claro que sim. Acho que essa é a lição a reter aqui, para mim própria. O tempo passa demasiado depressa para deixarmos para depois, para adiarmos, para nos acomodarmos, para fazermos fretes, para não mudarmos quando não estamos bem, para não nos obrigarmos a pensar em nós próprios, no que queremos e no que podemos fazer para lá chegar. E, acima de tudo, para não sermos felizes. 

Mas...

Há 4 anos atrás eu estava feliz? Nem por isso. Não. 
E hoje estou mais feliz? Mais feliz do que antes? Sim e sim! Abso-fuckin'-lutely!

E continuo a acreditar que o melhor está para vir. Yes, my darling, the best is yet to come

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